Trend Override Newsletter #59
Será que estamos vivendo em uma simulação? Uma semana quente para as big techs que trouxeram problemas para o Google. IA chega ao maps e promete ajudar na luta contra o câncer. Dicas de filmes e +!
Resumo do que estará por aqui hoje:
Google 🔫 Llama 3.1 + SearchGPT
🌍Estamos em uma simulação?
🗺️Maps IA
🏡Homeless Digital
💉IA contra o câncer
🍿Pipoca
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Google 🔫 Llama 3.1 + SearchGPT
Semana de grandes acontecimentos nos lançamentos de IA, nosso Google tomou uma pancada de cada lado da história (ps: annoying mesmo é não ter a arminha para o outro lado).
De um lado, a Meta com seu novo modelo Llama 3.1, de código aberto, e que promete ser a base de muitos novos modelos que irão surgir. Diferente dos seus primos ChatGPT, Gemini, etc… No entanto, estes modelos não são tão friendly de serem usados, o que conta ponto para o ChatGPT nesse quesito.
Do outro lado, a OpenAI parece querer entrar mesmo no segmento de busca. Em outras ocasiões já noticiamos aqui um flerte deles neste sentido, mas agora parece que a coisa saiu do papel. Ainda em uma versão de teste para poucos usuários, o SearchGPT promete entregar as respostas, enquanto o Google entrega os caminhos. Para ajudar a organizar essa confusão, listei o que achei mais importante de cada um dos lançamentos, abaixo!
Sobre o lançamento do SearchGPT:
UI bem mais rápida, similar ao Perplexity
Resultados multimodais (resultados podem ser imagens, gráficos, etc..)
Há uma grande ênfase no fato de que, quando você busca algo, o SearchGPT *sempre* cita suas respostas (provavelmente por isso que a OpenAI fez acordos com tantos editores - não quer irritá-los (mais ainda)
Curiosamente, a busca com IA do Google, SGE, foi bastante reduzida após alguns erros públicos. Alguns especulam que eventualmente possa se tornar um recurso pago.
Documentos revelaram que o SearchGPT irá coletar e compartilhar seus dados locais com "provedores de busca de terceiros" para fornecer resultados mais precisos, tipo, pesquisar no Google!
Conclusão: O ChatGPT já funciona como um buscador. Mas, para isso, ele te toma 3 a 5 segundos, tempo considerado longo demais para um usuário do Google. O SearchGPT vem para ser mais objetivo e fechar esse gap de tempo. A OpenAI parece estar mais atrás, nesse momento, do número de usuários do que do pool de receita gerado pelo Search (mais precisamente, Ads). Como publicamente a empresa reportou estar no caminho de ficar sem caixa, essa estratégia acabou confundindo um pouco a direção da empresa, principalmente no que tange o aguardado GPT-5.
Sobre o lançamento do Llama 3.1:
Segundo palavras do próprio Zuck, o objetivo com o Llama é ser uma espécie de Linux da IA. Ser open-source tem o lado bom e o lado ruim, mas permite que os usuários construam seus apps em cima dele. Além disso, os usuários podem (e já começaram) a examinar e modificar o código.
Primeiros testes já ranquearam o modelo no nível do GPT-4, Gemini Ultra, etc.. Os resultados em destaque foram no campo matemático e por suportar 128k tokens (aproximadamente 200 páginas de texto)
Além disso, o modelo pode gerar imagens customizadas a partir de prompts.
O objetivo do Zuck é transformar a Meta AI no chatbot mais popular até o fim do ano. Para isso, o Llama 3.1 precisa ter aproximadamente 1 bilhão de usuários entre todas plataformas (Facebook, Instagram, Whatsapp, etc..)
Embora o search por IA já esteja disponível no Facebook e Instagram, os usuários pesquisados reportaram achar a função “annoying” e chamaram a search bar de hide and seek bar. Espera-se que a Meta corrija em breve a UI.
Alguns podcasts sobre o tema disseram que os modelos de LLM estão no caminho de se tornarem commodities. O verdadeiro valor estará nos dados. Os primeiros problemas disso apareceram quando descobriram que o GPT usa dados como vídeos do youtube para treinar seus modelos, por ex. Como isso é feito via Scraping, as empresas que possuem grandes volumes de dados estão correndo para blindar suas estruturas.
Nesse ponto o Llama vai ser fundamental, pois pode propiciar a criação de AI’s nichadas, que vão ser construídas em cima do seu código. Isso foi o que aconteceu com o Android, por exemplo, onde todo fabricante (ex: Samsung) constrói seus layers de UI em cima do código público do Android. Isso também acende uma preocupação grande no quesito segurança, por ser open-source, traz muito mais vulnerabilidade ao processo.
Conclusão: O Llama não vem para ser um modelo friendly user, mas sim para ocupar um espaço inexistente até então de um modelo open source que pode servir como “motor” para experiências mais nichadas e focadas no usuário final.
Todos esses pontos acabaram ofuscando um ótimo feito conquistado pelo Google. Dois de sistemas do departamento DeepMind, alcançaram um importante marco na resolução de complexos problemas matemáticos, conquistando o equivalente a medalha de prata na olimpíada internacional de matemática.
Esse imbróglio todo também serviu para ofuscar uma nova decisão do X, que agora por default vem com a opção que os deixa usar seus dados para treinar seu modelo de AI. Você pode desabilitar isso somente pelo App! Elon Musk espera que tudo isso valha a pena e, em sua última entrevista, já disse que o Grok 3.0 será o modelo de IA mais poderoso do mundo. Ele está planejado de ser lançado em dezembro deste ano!
🌍Estamos em uma simulação?
Uma das anedotas mais divertidas do mundo é se estamos ou não vivendo em uma simulação. Essa teoria tem vários adeptos ao redor do mundo. O Joe Rogan, maior podcaster do mundo, fez um paralelo excelente, referindo-se ao atentado do Trump. Basicamente, a sequência de cenas que contempla virar a cabeça no milissegundo exato do disparo, o tiro acertar a orelha e ele levantar no momento exato da foto com a bandeira dos estados unidos atrás, só pode ser coisa de filme (ou de uma simulação).
A hipótese de estarmos presos em uma realidade paralela, como em O Show de Truman, onde a IA pode ser a saída para libertação humana, é uma teoria que já já irá virar filme.
Para alguns matemáticos, a probabilidade de estarmos em uma simulação é maior do que a de não estarmos. E existem argumentos matemáticos convincentes de que estamos em uma simulação. Há um artigo bastante polêmico de um filósofo chamado Nick Bostrom, que basicamente fala que um dia a humanidade vai atingir um nível de pós-humanidade, em que alcançamos um nível tecnológico extremo e conseguimos fazer simulações de nossos ancestrais (olá AGI)!
Para exemplificar, vamos supor que você seja antropólogo e queira estudar como os Incas viviam. Existem formas hoje de se simular uma sociedade Inca (em um jogo, inteligência artificial, ou alguma outra tecnologia de sua escolha). Então, se considerarmos que conseguimos chegar neste estágio de não ser a primeira civilização a chegar nesse estágio, podemos estar vivemos em uma simulação. Nesse caso, provavelmente, já estamos dentro de uma simulação de alguém, e nem sabemos em qual camada da simulação estamos, porque muito provavelmente a simulação também incluiria uma simulação.
Os estudos se apoiam na chance de sermos a primeira civilização ser quase nula. É muito mais provável a chance de sermos uma das simulações. Para quem curte um bom filme de sci-fi, fica minha recomendação dos clássicos Inception e Tenet.
Falando em filme e em simulação, um dos maiores ícones do cinema neste sentido, Matrix, teve um fato curioso revelado essa semana.
Simon Whiteley, o designer de produção responsável pelas letras verdes icônicas que caem no filme, revelou que o código é baseado em caracteres japoneses de um livro de receitas de Sushi pertencente à sua esposa.
🗺️Maps IA
Em vários experimentos de pessoas usando os dumb phones, uma das maiores dificuldades de adaptação apontadas foram justamente a indisponibilidade de apps de navegação. Pensando nisso, trouxe as principais atualizações com base em inteligência artificial de dois apps, o mais e o menos queridinho do público:
Google Maps:
Chatbot inteligente: O novo chat inteligente do Google Maps, disponível nos EUA desde fevereiro, processa pedidos de dicas de lugares e sugere opções ao usuário. Basta perguntar em voz alta sobre como chegar a uma padaria famosa ou a previsão do tempo para um piquenique, e a IA acessa os dados do Google Maps para fornecer as informações necessárias. O recurso permite vários comandos, como perguntar por "lugares com vibe vintage" e obter recomendações de brechós. Na hora do almoço, a IA sugere restaurantes de acordo com a preferência inicial. Em dias chuvosos, recomenda atividades em locais fechados como teatros e cinemas, permitindo que o usuário salve e compartilhe essas dicas com amigos.
Live View com visão ampliada: O recurso Live View do Google Maps, também chamado de Pesquisa com visualização ao vivo, permite que turistas e moradores encontrem destinos a pé usando realidade aumentada (RA) para ver rotas. Com uma futura atualização, o recurso será renomeado para Lens in Maps e fornecerá uma visão ampliada da rua com informações sobre caixas eletrônicos, estações de transporte, restaurantes e lojas, ao apontar o smartphone na direção desejada. Disponível desde 2023 em mais de 50 cidades, incluindo Montreal, Toronto, Vancouver, Austin, Las Vegas, Roma, Taipei, e São Paulo.
Visão imersiva de rotas: A nova Visão Imersiva do Google Maps permite que os usuários visualizem seu trajeto completo em uma rota 3D, seja a pé, de carro ou de bicicleta. Oferece visualizações detalhadas e instruções passo a passo, além de informações sobre tempo estimado de chegada, clima e trânsito. Com um controle deslizante de tempo, é possível planejar a saída para evitar condições climáticas adversas ou tráfego intenso. Atualmente, está disponível em cidades como Amsterdã, Barcelona, Dublin, Florença, Las Vegas, Londres, Los Angeles, Miami, Nova York, Paris, São Francisco, San Jose, Seattle, Tóquio e Veneza, tanto no Android quanto no iOS, com previsão de expansão para algumas localidades no Canadá.
Tour 3D por cidades: O recurso API Aerial View, ainda em teste nos EUA, permite que empresas integrem vídeos panorâmicos 3D e visões espaciais de seus estabelecimentos em seus aplicativos, oferecendo uma experiência mais imersiva aos clientes. Com essa ferramenta, os usuários podem explorar virtualmente pontos comerciais e bairros inteiros. O Google disponibilizou imagens 3D do Google Earth para ajudar os desenvolvedores a criar mapas 3D realistas sem precisar começar do zero. Por exemplo, uma empresa de turismo pode criar um mapa 3D de um parque nacional com imagens realistas para atrair visitantes.
Apple Maps:
Se você ainda não deletou esse App, já deve ter passado vontade algumas vezes. Dividindo lugar com o pior corretor ortográfico do mundo, o aplicativo nativo de mapas dos iPhones é terrível. Mas, um banho de loja olímpico, pode fazer você mudar de ideia. Algumas coisas para se considerar:
Mapas 3D detalhados são impressionantes:
A visualização ao redor é mais realista do que a visão da rua:
A navegação passo a passo evita repetir o nome da estrada várias vezes;
O novo recurso de trilhas no iOS 18 promete ser fantástico;
🏡Homeless Digital
O termo nômade digital bombou na pandemia. A internet e o trabalho remoto trouxe infinitas possibilidades para diversos profissionais, que conseguiram viajar no famoso modelo “work from anywhere” ou, simplesmente, fixar residência fora dos grandes centros.
Um queridinho aqui do nosso blog surfou bem essa onda. O WeWork, depois de estar na crista da onda, viu suas ações caírem mais de 99%, e abriram o processo de recuperação judicial.
Agora, menos conhecido no Brasil, outro queridinho dessa turma está em uma pior.
O “templo sagrado dos nômades digitais”, Selina Hospitality, chegou a valer mais de 1.2 bilhões de dólares em 2022. Considerado um hotel para millenials, a rede está atrasando alugueis pelo mundo todo. Hoje, o calote é inevitável e a empresa, avaliada em apenas 13 milhões de dólares, confirmou que não consegue mais evitar sua insolvência.
Nomes menores com operações mais simples como WeLive, The Collective, coliving, Ollie coliving e Medici, coliving tiveram o mesmo destino e estão fechados ou em processo de recuperação judicial.
O easter egg mais bizarro dessa história se chama Flow, que acaba de levantar um aporte de 350 milhões de dólares e foi fundada por ninguém menos que Adam Neumann (fundador do WeWork - quem não assistiu a série que conta a história da empresa, é uma das melhores desse segmento)!
💉IA contra o câncer
Um dos usos mais promissores da IA é na medicina. Tanto na parte preventiva quando no tratamento de doenças. E, nesse sentido, tivemos um grande avanço nesta semana.
Na Inglaterra, uma IA está aprimorando o diagnóstico precoce de câncer com a ferramenta "C the Signs", já usada em 1.400 clínicas. A tecnologia aumenta a taxa de detecção de câncer de 58,7% para 66% ao analisar prontuários e sintomas dos pacientes, recomendando exames ou tratamentos.
Em um estudo, a IA identificou 7.056 dos 7.295 casos e minimizou falsos positivos.
Estes modelos podem e vão ser utilizados em larga escala, tornando a vida dos médicos muito mais assertiva no futuro.
🍿Pipoca
Ficamos órfãos essa semana de Acima de qualquer suspeita, que teve seu final apresentado na última quarta e não decepcionou. A dica da vez vem da mesma plataforma e é uma história verídica.
Fico por aqui, até semana que vem!