Trend Override Newsletter #58
O maior apagão cibernético da história aconteceu! Saiba o que muda no novo iOS. Entenda as principais batalhas que estão acontecendo no mundo com relação à IA. Amazon Prime Day, mas no escritório.
Resumo do que estará por aqui hoje:
📉Bigmouth Strikes Again: O maior apagão cibernético da história
📱iOS 18 is here: O que vai mudar no seu iPhone
🪖AI battle of this week: Samsung x Apple
🌍A regulação européia contra a tecnologia
☕Coffee Badging: Mais uma gigante contra o home office
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📉Bigmouth Strikes Again
Todos estamos a pelo menos uma pessoa de distância de alguém que se complicou com o apagão digital desta sexta, 19 de julho de 2024.
Quem é a CrowdStrike?
A CrowdStrike é uma empresa líder em segurança cibernética que oferece serviços de proteção e resposta a ameaças, utilizando uma plataforma baseada na nuvem para prevenir, detectar e remediar ataques cibernéticos em tempo real. Fundada em 2011, a CrowdStrike se destaca por seu software Falcon, que utiliza inteligência artificial e machine learning para monitorar endpoints e identificar comportamentos suspeitos. Com uma presença global e milhares de clientes, incluindo grandes corporações e agências governamentais, a empresa tem desempenhado um papel crucial em investigações de alto perfil, como os ataques cibernéticos à Sony Pictures, ao Comitê Nacional Democrata dos EUA, e a inúmeras outras organizações, solidificando sua importância no mercado de segurança cibernética.
O que aconteceu?
O problema surgiu durante uma atualização de software, impactando diversos clientes, incluindo a Microsoft. Este incidente resultou na interrupção dos serviços da Microsoft, com usuários relatando travamentos e a temida "tela azul" no Windows. A falha afetou a plataforma de computação em nuvem Azure, causando paralisações em diversos setores como aviação, serviços bancários e de saúde ao redor do mundo. A Microsoft afirmou que os serviços afetados estavam sendo restabelecidos, enquanto a CrowdStrike, após identificar e isolar o problema, trabalhou para implementar uma correção. Especialistas destacaram a necessidade de testes mais rigorosos em atualizações de software de segurança para evitar regressões e garantir a integridade dos sistemas.
A gafe de 1.5 bilhões de dólares do CEO George Kurtz:
George Kurtz enfrentou uma severa crise de comunicação após uma falha na atualização de um software de segurança. Em sua tentativa inicial de esclarecer a situação através do X, Kurtz falhou ao não incluir um pedido de desculpas, um elemento crucial em gestão de crises que demonstra transparência e empatia.
Essa omissão gerou críticas e contribuiu para a queda significativa das ações da empresa. Reconhecer erros e pedir desculpas imediatamente são cruciais para manter a confiança. A resposta inicial de Kurtz extrapola um clássico desafio de comunicação no setor de tecnologia, que muitas vezes negligencia o toque humano. Será que o ChatGPT teria se saído melhor nessa?
Exemplos pelo mundo:
Do McDonald’s, até a empresa que eu trabalho, passando por companhias aéreas e diversos outros business, os impactos foram imensos e, obviamente, compartilhados por todas as redes sociais!
O espaço aéreo dos Estados Unidos cancelando os vôos após o apagão:
Os totens do McDonald’s fora do ar:
Diversos mercados sem sistema:
Saudades tela azul?
What next?
Olhando os resultados das empresas de tecnologia nos últimos anos fica fácil observar o expressivo crescimento da computação em nuvem. Um serviço que era inexistente há alguns anos, hoje se tornou essencial. Como toda inovação tecnológica, ela vem com diversos riscos que precisam ser mitigados. Com a migração de todos serviços para nuvem, tudo passou a ser Online. Do aspirador robô que você usa em casa, até toda central de controle de um aeroporto. O termo Smart pressupõe que o dispositivo esteja e precise de internet para sobreviver. Para garantir a segurança e funcionamento desse sistema, empresas como a CrowdStrike oferecem soluções que são utilizadas, no fim, por todas empresas existentes no mundo. Esse foi um dos maiores apagões da história. No último que vivenciei, que afetou o sistema da AWS (Servidores em nuvem da amazon), dispositivos domésticos como fechaduras eletrônicas, geladeiras e aspiradores pararam de funcionar, pelo mesmo motivo. Vale lembrar que a Google está entrando forte nesse segmento, a proposta de aquisição da Wiz essa semana vem justamente para dar essa robustez ao seu ecossistema.
📱iOS 18 is here
Quando o botão de “você deseja atualizar seu sistema operacional esta noite” aparece, clicamos em ok sem saber o que vem pela frente. Ele está prestes a aparecer para você, usuário do iPhone, e aqui é o que você precisa saber que vai acontecer:
A Calculadora! Sim, a calculadora que impressionou a todos no último evento da Apple vai chegar também ao iPhone.
Os usuários agora podem colocar ícones em qualquer lugar na tela inicial
Os ícones dos aplicativos podem ser alterados para o modo escuro, ou o iOS pode alterar todos os ícones dos aplicativos para a mesma cor.
O menu do Centro de Controle da Apple — acessado deslizando para baixo a partir do canto superior direito — está mais personalizável, com várias páginas de telas, e oferece novos tipos de controles.
Os usuários podem trocar os atalhos da câmera e da lanterna na tela de bloqueio por outros aplicativos. Além disso, a lanterna ganha um controle de intensidade 🫠
O aplicativo Fotos da Apple está recebendo uma grande atualização com um novo design. Agora, o aplicativo usa IA para organizar fotos em viagens ou álbuns, que aparecem na primeira página, quando o aplicativo é aberto.
A Apple reuniu todos os seus recursos de gerenciamento de senhas em um novo aplicativo, mas que só será disponível para iPhone e Mac 🥲
Os usuários podem tocar um iPhone contra outro iPhone para transferir dinheiro digital rapidamente.
Os iPhones agora podem gerar transcrições de chamadas ou gravações.
🪖AI battle of this week: Samsung x Apple
A Samsung, ao lançar a IA nativamente nos aparelhos high end da linha Galaxy, jogou a batata quente nas mãos da Apple. E aí, como vocês vão responder?
A resposta não veio no estilo Apple. Acostumada a lançar um produto após exaustivos anos de research (o M1, por exemplo, demorou mais de dez anos para ser lançado), eles mostraram um desenho bem honesto do que será o iPhone na era do Apple Intelligence (sim, eles tiveram que colocar um nome próprio para algo que já existia) e apresentaram uma inédita parceria com o ChatGPT, em uma proposta de finalmente ter uma Siri que funcione.
O prazo para isso eu achei ousado, visto que necessita de um árduo trabalho de desenvolvimento da sua própria tecnologia e também de abrir o ecossistema nativamente para uma ferramenta de um terceiro.
E, neste momento, cada empresa traça o futuro da implementação da IA nos telefones de forma bem diferente:
A Samsung quer que o maior número possível de pessoas comece a usar IA em seus telefones o mais rápido possível (~200 milhões de dispositivos até o final de 2024). Para isso, ela quer colocar IA em todos os dispositivos que possam suportá-la (S22, S23, S24 + os dobráveis) e permitir que os desenvolvedores criem aplicativos de IA para sua loja de aplicativos. Essa segunda parte é super importante, visto que sem novos aplicativos desenvolvidos por terceiros disponíveis, fica muito mais difícil das novidades pegarem tração (vide o Vision Pro, que não engajou ainda no sentido de novos apps e deve estar pegando poeira na prateleira de muita gente por aí). Além disso, está tornando esses recursos de IA gratuitos até 2025.
Enquanto isso, os donos de iPhone terão que atualizar para o modelo mais recente (15 Pro, Max) para obter a Apple Intelligence. O recado da Apple é claro e o motivo eu já expliquei na última edição, eles precisam conseguir vender mais iPhones e não sabem mais como. Você quer IA? Você tem que pagar. No free rides here!
Se, independente do caminho, podemos dizer que a Samsung hoje, em termos de IA, é a Apple amanhã, o que já podemos fazer com a IA da Samsung hoje?
Edições de fotos com IA — mover, redimensionar, remover objetos.
Círculo para pesquisar — literalmente circule qualquer coisa na sua tela para pesquisá-la no Google.
Assistente de chat — uma melhoria em relação ao autocorretor, com correção de tom e estilo.
E tem uma nova ferramenta de Sketch-to-Image (desenho nas imagens) que alguns testadores beta estão dizendo que é assustadoramente boa — às vezes.
E quanto à Apple? Embora seus recursos ainda não tenham sido lançados, aqui está o que eles anunciaram no mês passado:
Dicas de escrita — revisar, reescrever e gerar texto para você em mensagens de texto / e-mail.
Notificações contextuais — priorização das mensagens importantes primeiro.
Geração e edição de imagens — remover objetos das fotos e gerar novas imagens.
...Além de atualizações de IA para pesquisa de fotos, Siri, e a capacidade de Siri realizar ações nos seus aplicativos.
Utilizar o ChatGPT nativamente no iPhone (sem necessidade do App da OpenAI), onde a Siri vai te perguntar e indicar se você gostaria ou não de consultá-lo naquele momento.
Mas qual é o veredicto sobre a estratégia de IA da Samsung? A internet está cética.
"Eles superestimaram enormemente quantas pessoas estão interessadas em IA."
"A implementação da Samsung é fraca. Muitos truques de uma só vez."
"Circulo para pesquisar, resumir notas, remover reflexos é incrível... mas não vou pagar por pequenos recursos."
Estamos na fase do "tentar e ver o que acontece" da IA em nossos dispositivos. A abordagem da Apple parece mais holística (mudando o iOS em torno da IA), enquanto a da Samsung é mais iterativa (recursos aqui, recursos ali, recursos em todo lugar!).
Como elas vão chegar lá não sabemos, mas uma coisa que preocupa são os dados que todas as empresas estão usando para treinar seus modelos.
Uma empresa chamada Proof News conduziu uma investigação onde mostrou que 173,536 vídeos de 48,000 canais do YouTube foram usados para treinar modelos de IA. Isso foi feito via uma técnica chamada Scraping, onde foram extraídos os textos das legendas dos vídeos, que foram utilizados para o treinamento dos modelos. Alguns canais famosos como o MKBHD se pronunciaram contra esta prática, pois tiveram seus vídeos inclusos nesta lista.
🌍A regulação européia contra a tecnologia
Na próxima semana irei publicar um texto sobre o que pode mudar para as Big Techs com a eleição americana. Não esquece de se inscrever para receber!
Um dos principais riscos contra a evolução da IA é o regulatório. No próprio Brasil enfrentamos isso. Algumas das maiores empresas do mundo nesse segmento como a Anthropic não colocam seus modelos disponíveis no nosso país por conta do risco regulatório que ele apresenta para o desenvolvimento das tecnologias.
Quem também vive um dilema parecido é a Europa.
A Meta divulgou que vai reter seu próximo modelo de IA multimodal — e futuros modelos — de clientes na União Europeia devido ao que ela chama de falta de clareza por parte dos reguladores locais.
Por que isso é importante: A decisão cria um confronto entre a Meta e os reguladores da UE e destaca a crescente disposição das gigantes de tecnologia dos EUA em reter produtos de clientes europeus.
Situação atual: "Nós lançaremos um modelo multimodal Llama nos próximos meses, mas não na UE devido à natureza imprevisível do ambiente regulatório europeu", disse a Meta.
A Apple também afirmou no mês passado que não lançará suas funcionalidades Apple Intelligence na Europa devido a preocupações regulatórias.
A Comissão de Proteção de Dados da Irlanda, principal reguladora de privacidade da Meta na Europa, não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
A Meta planeja incorporar os novos modelos multimodais, que são capazes de raciocinar através de vídeo, áudio, imagens e texto, em uma ampla gama de produtos, incluindo smartphones e seus óculos inteligentes Meta Ray-Ban.
A Meta diz que sua decisão também significa que empresas europeias não poderão usar os modelos multimodais, mesmo que sejam lançados sob uma licença aberta.
Entre as linhas: O problema da Meta não é com a Lei de IA ainda em fase de finalização, mas sim com como ela pode treinar modelos usando dados de clientes europeus enquanto cumpre com o GDPR — a lei de proteção de dados da UE.
A Meta anunciou em maio que planejava usar postagens publicamente disponíveis dos usuários do Facebook e Instagram para treinar futuros modelos.
O intrigante: O Reino Unido tem uma lei quase idêntica ao GDPR, mas a Meta diz que não está vendo o mesmo nível de incerteza regulatória e planeja lançar seu novo modelo para usuários do Reino Unido.
O que estão dizendo: Um representante da Meta disse à Axios que o treinamento com dados europeus é crucial para garantir que seus produtos reflitam adequadamente a terminologia e a cultura da região.
A Meta afirmou que concorrentes como Google e OpenAI já estão treinando com dados europeus.
☕Coffee Badging
A Amazon não quer mais que seus funcionários fiquem em casa.
Dados mostram que a empresa está monitorando o número de horas que os funcionários corporativos passam no escritório. Algumas equipes, incluindo as divisões de varejo e computação em nuvem da empresa, foram notificadas através de mensagens no Slack que precisariam estar no escritório por pelo menos duas horas para que sua presença fosse contabilizada. Outras equipes precisariam estar no escritório por pelo menos seis horas.
A intensificação da política de retorno ao escritório (RTO) da Amazon visa prevenir a prática de "coffee badging" — onde os funcionários registram sua entrada, pegam um café e depois saem.
A empresa enfrentou resistência dos funcionários em relação às suas políticas de retorno ao escritório. Em agosto de 2023, a Amazon anunciou que exigiria que os funcionários estivessem no escritório três dias por semana e que começaria a monitorar a presença dos funcionários, compartilhando esse registro com aqueles que não cumprissem a política. Na época, o CEO da Amazon, Andy Jassy, disse que se os funcionários não pudessem "discordar e se comprometer", seu lugar na Amazon "provavelmente não funcionaria".
Essa medida ocorre em paralelo ao seu maior evento anual, o Prime Day que está rolando agora!
Este ano, o Prime Day da Amazon registrou um aumento significativo nas vendas, totalizando aproximadamente US$ 12,7 bilhões em todo o mundo. Este valor representa um crescimento de 6,1% em comparação ao ano anterior. A média de gasto dos consumidores nos EUA foi de US$ 168, somando um total de US$ 6,3 bilhões em vendas nos dois dias do evento. Os eletrônicos e os dispositivos Amazon foram as categorias mais populares.
Fico por aqui, até domingo que vem!