Trend Override Newsletter #44
Dessa vez as polêmicas de Musk chegaram ao Brasil. Mais uma restrição na China que vai impactar o mercado de tecnologia. A impressionante realidade do Amazon Go e muito mais!
Resumo do que estará por aqui hoje:
🚃Os limites da internet: Elon Musk x STF Brasileiro
🧱A verdadeira muralha da China
🤖Apple Robots
🚶♂️Just-Walk-Out
🆓Free GPT
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🚃Os limites da internet: Elon Musk x STF Brasileiro
A briga do momento que coloca mais um querosene no tema regulação da internet é: Elon Musk x STF brasileiro.
Mas para entender um pouco de como chegamos até aqui, vale resgatar alguns pontos sobre a história do Twitter.
Ainda sob o comando de Jack Dorsey, o Twitter tinha uma política própria sobre posts e, principalmente, comentários a posts feitos na rede. Utilizando algoritmos de ranking e detecção de perfis falsos, o twitter tinha um modelo que classificava comentários que ele julgasse ser provenientes de perfis fake ou com mensagens de difamação, ódio, dentre outros.
Esse debate já foi amplo, inclusive já tendo como palco o Joe Rogan Podcast, em episódio com o próprio Jack Dorsey. A dúvida da época era bem simples e contrária a posição do fundador do Twitter: Quem terá o poder de determinar o que é negativo, positivo, verdadeiro, etc…? Jack nunca soube responder com firmeza como o algoritmo do twitter classificava os posts e respostas dentro da plataforma. O que inclusive o complicou frente a justiça dos Estados Unidos, onde teve que responder por diversas práticas de sua rede social e seu compromisso com a veracidade do conteúdo postado lá.
Essa, inclusive, foi uma baita surpresa que assombrou Elon Musk e quase o fez desistir do deal de comprar o Twitter: 1/3 das contas da plataforma eram “falsas”. Entenda por isso que não eram contas pessoais, podendo ser um bot, uma conta fake, ou qualquer outra finalidade que o valha. Em uma rede social aonde grande parte do valor está no usuário, isso claramente mudaria o valor da empresa. Elon não conseguiu retroceder e acabou adquirindo o Twitter em Abril de 2022.
De la para cá, muita coisa mudou dentro da plataforma. Desde o dia 1, que chegou no escritório portando uma pia, Elon vem mudando o funcionamento de tudo dentro do X, novo nome escolhido por ele para o Twitter.
A letra X é um caso de amor do Elon Musk desde o início. Ele já tinha os domínios registrados e, transformar o Twitter em X é, na verdade, uma estratégia para chegar no seu sonho de ter ali o “everything app”.
Quem acompanha ele de perto sabe da postura e de como toca seus negócios. Já tiveram semanas que ele esteve por aqui, domingo após domingo, com alguma bomba envolvendo seu nome. E, nesse caso, não vai ser diferente.
O X vem se posicionando nos Estados Unidos como uma plataforma onde o compromisso com a verdade e com a liberdade de expressão prevalecem. Não estou aqui para julgar o resultado, mas o caminho que ele está querendo traçar certamente é esse. Ele implementou o filtro a publicações pelo usuário, que, inclusive, já marcou alguma de suas próprias publicações como não sendo verdadeiras. Além disso, nos Estados Unidos, já deu espaço para pessoas tiradas da grande mídia por, majoritariamente, questões políticas.
Colocado tudo isso em contexto, essa briga chegou no Brasil. Quem acompanha o X já deve ter se deparado com posts de brasileiros marcando o Musk e pedindo a opinião dele sobre diversos temas da política brasileira. Algum desses comentários deve ter chamado a atenção dele e, no fim dessa semana, ele resolveu comentar alguns pontos.
Nesse momento não precisamos mais entrar em detalhes do que ele postou, pois foi amplamente noticiado, mas essa discussão coloca ainda mais gasolina sobre a regulação do conteúdo da internet e, principalmente, do papel do estado nisso. Vimos nos últimos meses, tendo principalmente o X como palco, diversos perfis serem banidos, contas suspensas e etc. A discussão do parlamento americano sobre quem deveria ter esse poder está longe de chegar a alguma conclusão. Enquanto isso, Musk parece estar apenas começando sua revolução. Lembrando que as eleições americanas estão aí e todos os holofotes do mundo estão voltados para como a informação e, principalmente, a validação das mesmas, irá circular pela internet!
🧱A verdadeira muralha da China
Em um mundo cada vez mais digitalizado, onde a informação está toda na internet, o inimigo que a China precisa combater hoje é a internet. E eles estão investindo cada vez mais pesado no seu grande Firewall, a tecnologia responsável pelo controle de conteúdo consumido na internet dentro do território chinês.
Não é surpresa para ninguém que o mercado consumidor chinês é de vital importância para empresas dos mais diversos segmentos, em particular, o de tecnologia. Importações chinesas de semicondutores atingiu a marca de 349 bilhões de dólares em 2022. Embora gigante, esse número é 20% menor do que o apurado em 2021. A China está em direção à autonomia com relação à infraestrutura digital ocidental? Se esse for o caminho, algumas empresas podem ser bastante impactadas no percurso.
Alguns exemplos do percentual das receitas de algumas empresas oriundas do mercado chinês:
Qualcomm: 63,3%, Texas Instruments: 49,1%, Broadcom: 35%, Lam Research: 31,4%, Applied Materials: 28,1%, Intel: 27,2%, AMD: 22,1%, Nvidia: 21,4%
Nesse contexto, uma nova proibição foi anunciada essa semana pelo Partido Comunista da China: os produtos de tecnologia, incluindo os semicondutores produzidos pelas empresas Intel e AMD, além do sistema operacional Windows, devido ao uso do aplicativo Teams, foram banidos em computadores e servidores de agências governamentais.
Adicionalmente, desde 2022, os Estados Unidos têm imposto sanções com o objetivo de restringir o acesso da China a chips avançados de IA provenientes de empresas americanas.
Em um episódio anterior, quando a proibição dos iPhones foi decretada pela China, houve uma queda de 8.5% nas ações da Apple. Essas novas medidas terão impactos diretos nas empresas Intel, AMD e Microsoft.
Quem estiver curioso em saber o que pode ou não acessar dentro da china, o site ChinaFirewallTest.com tira a dúvida!
🤖Apple Robots
Já havíamos noticiado por aqui o fim do investimento da Apple nos EV’s. Agora, parte desse recurso, parece estar sendo alocado no desenvolvimento de robôs domésticos.
Aquele sonho distante de ter uma governanta como a dos Jetsons, ou de ter um parceiro como o R2-D2 parece estar chegando mais próximo.
Vamos ver se a Apple consegue acelerar este projeto. Em geral, todas novas tecnologias da Apple demoram pelo menos 10 anos para sair do papel. Se esse for o caso aqui, certamente eles chegarão já na hora da sobremesa. Robôs em estágios avançados como o da Tesla já são uma realidade, porém, ainda inacessíveis ao público. Outro ponto importante é o custo e preço disso tudo. Se o Vision Pro já precisou custar uma pequena fortuna para chegar as lojas, um robô parece que seria mais caro que um apartamento.
Dentre suas capacidades, se especula que inicialmente será possível lavar louças, seguir o dono pela casa, dentre outros.
🚶♂️Just-Walk-Out
A Amazon, que ganhou uma coluna aqui semana passada pelo seu avanço em IA, ganha outra essa semana, mas por outro motivo.
Em 2016, quando o Amazon Go - Just Walk Out foi lançado, a internet surtou em como aquilo era possível. Era simples. Uma loja da Amazon em que, você fazia login ao entrar, pegava tudo o que queria, e ia embora. No fim do dia, o que você pegou seria debitado automaticamente da sua conta da Amazon.
Essa semana esse serviço foi descontinuado, e com isso, a realidade sobre seu funcionamento veio a tona.
A verdade é que, mais de mil funcionários situados na índia fazia a verificação dos produtos levados por cada cliente! Mais de 70% das transações precisavam passar por uma verificação humana.
Em 2024, o serviço deu lugar a um novo, o Dash Cart, que é um bom e velho leitor de código de barras!
🆓Free GPT
Os maiores heavy users de modelos de IA já estão substituindo o uso do Google por alguma IA. Para perguntas mais elaboradas que, anteriormente, era trivial se fazer ao Google, hoje já se consegue resultados mais assertivos indo diretamente a um ChatGPT.
E, pensando nisso, a OpenAI deu um passo importante na popularização da sua tecnologia. Hoje, para se perguntar algo ao ChatGPT, não precisa mais realizar um login. Isso parece simples, mas é uma estratégia importante para uma maior penetração da plataforma. Enquanto diversas outras concorrentes não funcionam nem no mundo todo, funcionar em todos os idiomas e sem necessidade de login coloca o ChatGPT em uma boa posição para a popularização da IA frente a serviços tradicionais de busca como o Google.