Trend Override Newsletter #104
O tropeço que marca a nova fase da Apple. O caminho para AGI e o novo Google Glass. O plano de Zuck para AI ganha reforços. A-Pop é o estilo do futuro e o xadrez tem 2 vencedores inusitados.
Resumo do que estará por aqui hoje:
🍏Apple: Fim ou início? O Liquid Glass que não conseguiu esconder o fracasso do Apple Intelligence.
🧠Inteligência Profissional: O o3-pro e o conturbado caminho da OpenAI em busca da AGI.
🥸Google Glass: Ele está de volta!
♟️GPT x Atari: Em um dos jogos mais complexos do mundo, a batalha do video game mais antigo com o modelo mais robusto teve um vencedor inesperado.
🧑🏭Funcionário do mês: Claude chega com tudo na Meta
🎧A-Pop: Timbaland quer revolucionar a música com IA
🍿Entretenimento
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🍏Apple: Fim ou início?
O WWDC 2025 marcou o início de uma nova era empresa.
Por trás de toda decepção do universo tech com tudo que foi apresentado, estava uma empresa digerindo o gosto amargo do último gole que deu em uma iniciativa de inteligência artificial.
De certa forma, “assumir” que, de fato, precisará de muito mais tempo para entregar qualquer coisa decente relacionada a IA, foi um marco necessário para equilibrar as expectativas do público.
O fake it until you make it, no caso da Apple, já não iria convencer mais.
O que antes, pelo menos para alguns, era expectativa, virou agora uma certeza que Apple + IA (que eles chama de Apple Intelligence) ainda é um filme de ficção.
Em meio a duras críticas e questionamentos sobre o Apple Intelligence, a única saída encontrada por Cook foi mudar a direção do barco. Pelo menos, por enquanto.
A protagonista desse filme, que era para ser uma Siri totalmente agentic, acabou se tornando um novo visual líquido para o iOS, que ninguém tinha pedido até então.
O controverso caminho escolhido por Tim Cook para dar essa notícia ao público foi: Vamos jogar em um campo que dominamos desde sempre: Design e experiência de usuário. O que nem o futuro esperava era que, até nesses campos, eles iriam patinar.
Um menu de 8 etapas do que rolou:
Liquid Glass, a aposta em um novo visual para o iOS, translúcido, e que colecionou críticas ao longo da semana…
Finalmente, unificaram os nomes das versões do iOS, considerando todos dispositivos da Apple!!!
Um recurso já “antigo” no Android, mas agora disponível no iOS, permite que o sistema atenda uma ligação para saber se tem um humano do outro lado da linha, funções inteligentes durante a ligação e também transcrição de chamadas.
Tradução ao vivo no dispositivo, integrada aos apps Mensagens, FaceTime e Telefone, para traduzir conversas em tempo real, garantindo que seus chats permaneçam privados.
Nova ferramenta de Inteligência Visual que entende o que está na sua tela; basta apertar o botão de captura para perguntar algo ao ChatGPT sobre o que está vendo.
O Image Playground agora permite editar fotos, além de integrar o ChatGPT para gerar imagens em novos estilos.
O Apple Watch ganha um novo treinador com IA, que usa seu histórico de atividades físicas para oferecer motivações personalizadas durante os treinos, com uma nova voz dinâmica inspirada nos treinadores do Fitness+.
Na maior atualização do dia, o novo iPad vai dar um passo importante e ficar mais robusto e próximo a capacidade computacional do macbook. Talvez agora ele deixe de ser o dispositivo mais caro disponível para ver vídeos no YouTube!
O WWDC aconteceu dias depois da Apple ter liberado um paper onde afirma que os modelos mais robustos de IA das empresas, na verdade, não são capazes de lidar com problemas realmente difíceis.
Muitos leram isso como um ato desesperado para descredenciar a concorrência em uma corrida que já parecia perdida, e que o evento talvez tenha confirmado essa hipótese…
A parte importante desse estudo é que ele sugere que não basta inflar o número de parâmetros para se aproximar da AGI. Pelo menos não nessa arquitetura, algo que já falamos aqui lá atrás quando o modelo o1 foi lançado.
Essa opinião é compartilhada por diversos cientistas que pesquisam sobre IA.
Ah, quem disse que não teve nenhum acerto mentiu. O merch do evento, com uma estética retrô da identidade visual da marca, foi um golaço!
Eles também lançaram o trailer da nova produção da Apple TV, que vale a pena ser assistido, de preferência pelo iPhone para entrar na experiência completa! Vou deixar o link na parte de entretenimento =)
🧠Inteligência Profissional
Enquanto a Apple luta para entregar produtos que de fato encantem os clientes, a OpenAI segue a pleno vapor com seus lançamentos.
AGI? Ainda não, mas em dias de sol acordamos otimistas, quando chove, nem tanto…
A resposta para toda descrença sugerida pelo paper da Apple foi o lançamento do o3-pro!
Aproveitando o momento, Sam Altman também resolveu escrever, e publicou “The Gentle Singularity”, sua visão de que a singularidade, aquele momento emblemático em que a IA perde o controle, já começou. Seria algo como a evolução entre a internet discada e a fibra ótica, com um toque mais apimentado!
Trouxe 5 insights importantes desse paper:
A parte científica já foi vencida: chegar ao GPT‑4 foi o gap, agora só precisamos de engenharia e escala.
ChatGPT = o humano mais poderoso do planeta… virtualmente. Com centenas de milhões de usuários, a IA está virando um “cérebro global ultra‑personalizado”.
Ideias > código: Sam aposta nos criativos: quem tiver as melhores ideias é que vai dominar esse jogo.
Inteligência “barata demais”: O ChatGPT está virando uma forma barata, muitas vezes gratuita, de se fazer algo intelectualmente complexo.
Roadmap disfarçado para AGI:
2025 – Agentes Cognitivos
2026 – Insights Novos: cientista IA que identifica novas drogas ou oportunidades de mercado.
2027 – Robôs
Esse foi o ambiente que ele criou para, enfim, liberar o uso do o3-Pro, modelo projetado para tarefas densas: ciência, educação, programação, análise de dados e escrita. Após passar no teste de confiabilidade 4/4 da OpenAI, ele chegou!
Os primeiros testes disponíveis mostraram uma capacidade incrível de estruturar tarefas complexas, mas, em um tempo ainda significativamente longo.
Até para tarefas mais simples, o modelo precisou de muito tempo para estruturar seu raciocínio.
Isso mostra que está ficando cada vez mais importante saber direcionar a tarefa para os modelos certos, para ganhar tempo e qualidade nas respostas!
Sam também aproveitou para compartilhar algo que nunca tínhamos visto antes: um número exato de quanta água é usada em uma consulta ao ChatGPT.
Segundo ele, são cerca de 0,000085 galões, ou aproximadamente 1/15 de uma colher de chá. Isso inclui a água necessária para resfriar os servidores. Ele também revelou o consumo de energia: cerca de 0,34 watt-hora por consulta.
É a primeira vez que a OpenAI divulga esse tipo de dado publicamente.
Altman afirma que o objetivo é reduzir o custo da inteligência ao custo da eletricidade, à medida que a IA se torna mais eficiente com o tempo.
🥸Google Glass
Anos depois, o Google está novamente apostando nos óculos.
O Google Glass foi lançado em 2012 e descontinuado após alguns anos sem conseguir dar propósito a sua vida.
Será que ele estava a frente do seu tempo?
Esse novo lançamento vem em um momento importante, em que o “next big thing” em termos de dispositivo AI vem sendo criado pela parceria entre OpenAI e Jony Ive.
A proposta? Discreto e funcional. Os óculos conseguem reconhecer objetos, recuperar cenas já vistas e responder em outros idiomas.
O processamento será feito no celular, via Android, mantendo o design leve e o tempo de resposta ágil.
♟️GPT x Atari
As últimas semanas foram agitadas para os amantes do xadrez.
Em uma partida espetacular, vimos o jovem Gukesh Dommaraju desbancar o número um absoluto do mundo Magnus Carlsen.
No mundo da IA, também tivemos um resultado surpreendente.
Um engenheiro da Citrix, colocou o modelo da OpenAI pra enfrentar o clássico Atari Chess de 1979.
O resultado, nesse caso, também foi surpreendente: Uma goleada do Atari!
O ChatGPT falhou em coisas básicas: confundiu bispo com torre, se perdeu no próprio tabuleiro e no fim ainda culpou os ícones do Atari por serem abstratos demais.
Nem quando o engenheiro trocou o layout por notação padrão o modelo se encontrou.
Em um comportamento comum, e muito criticado dentre os heavy users de IA, durante 1h30 de partida, o ChatGPT disse muitas vezes que “agora tinha entendido o erro” com justificativas quase cômicas.
🧑🏭Funcionário do mês
Se os modelos de IA fossem trabalhadores comuns, o título de funcionário do mês de Maio seria da Anthropic.
E isso veio de onde a gente menos esperava:
A Meta colocou o Claude, da Anthropic, pra trabalhar dentro de casa. Sim, o novo assistente de código da empresa, chamado Devmate, está rodando com múltiplos modelos, inclusive os da concorrência.
O Devmate apareceu em março e já está tomando espaço do antigo Metamate, justamente por lidar melhor com tarefas complexas de programação. Fontes internas contaram ao Business Insider que a adoção cresceu porque ele simplesmente... funciona melhor.
A Meta mostrou novamente que está agindo rápido quando o assunto é desenvolvimento de IA.
Mais um exemplo disso foi uma das maiores contratações da história da IA até então, do jovem Alexandr Wang, que aos 28 anos chega para liderar as iniciativas de IA na Meta.
Wang é fundador da Scale AI, empresa que fornece dados para treinar modelos de IA. Nos bastidores da IA, ele divide opiniões. Alguns nomes que já cruzaram seu caminho afirmam que Wang é um grande comercial, pouco executor. Já outros o conferem o título de mente brilhante da IA!
Em outro exemplo, mesmo tendo gasto dezenas de bilhões na sua IA própria, o LLaMA, Zuck não se amedrontou em usar o Claude para impulsionar a produtividade dos seus desenvolvedores.
Por trás da escolha de Zuck, está a nova forma com que o Claude resolve tarefas complexas.
Quando um usuário manda uma pergunta complexa para o Claude, ele não responde sozinho. Ele vira um “gerente de projeto”, dividindo a tarefa em partes, que são executadas por agentes distintos.
Em testes internos, esse modelo multithreaded vence o Claude tradicional em 90% das vezes.
Essa é a primeira vez que vemos de verdade o conceito de “IA colaborativa” virar produto. Não é mais sobre ter um modelo bom, mas sobre orquestrar vários ao mesmo tempo, como uma sinfonia cognitiva. Bem-vindo ao novo futuro do trabalho, onde o seu colega de equipe... é um cluster de Claudes.
🎧A-Pop
Novo gênero musical desbloqueado: O A-Pop
Sua protagonista: TaTa
Um dos maiores gênios da produção musical acaba de mergulhar de cabeça na inteligência artificial.
Timbaland é produtor musical, cantor, compositor, e agora, AI producer.
“Ela não é um avatar. Ela não é um personagem. TaTa é uma artista construída com IA, com personalidade, repertório e identidade própria. É o começo de algo muito maior. A-Pop é a próxima evolução cultural, e TaTa é seu primeiro ícone.” afirma Timbaland.
A Stage Zero foi fundada por Timbaland, Rocky Mudaliar e Zayd Portillo.
Pela primeira vez estamos vendo um nome de peso no cenário musical mergulhar na IA (mentira, também tivemos o Rick Rubin publicando textos e advogando em favor do Vibe Coding, mas isso é tema para outra edição)
Portillo é responsável pela parte “artificial” do grupo, e também atua como conselheiro da Suno, uma plataforma de criação musical por IA, atualmente envolvida em disputas judiciais com as grandes gravadoras por supostas violações de direitos autorais.
Pra Timbaland, o A‑Pop é mais que uma tendência: é o novo pop.
🍿Entretenimento
Para a turma fã de fórmula 1, o trailer do novo filme da Apple, quando assistido em um iPhone (pelo app da Apple TV), traz uma experiência única!
Falando em Apple, para embalar o domingo na TV, a dica de hoje é a série Seus Amigos e Vizinhos!
Fico por aqui, um ótimo domingo para todos!
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