Google is not dead!
Assisti uma apresentação do Gemini e fiquei impressionado com o resultado! Um giro pela história de uma das empresas mais importantes do mundo está aqui!
Essa semana participei do evento Google Collaboration Trends, no escritório do Google Brasil.
A agenda foi coberta por engenheiros da empresa e também pela McKinsey, que trouxe muita história sobre IA.
Vou fazer uma edição dessa só sobre a história da IA, mas vamos começar falando um pouco do Google especificamente.
IA - As primeiras iniciativas
A McKinsey trouxe insights do seu programa Quantum Black, que começou em 2009 como uma butique de IA criando ferramentas para a Fórmula 1!
Nesta época, não se falava sobre IA generativa, como ChatGPT, por exemplo. Os estudos eram feitos utilizando IA Analítica, que possui algumas diferenças-chave para a IA generativa.
(G) Existem diferenças cruciais entre a discriminação de conteúdo e a geração de conteúdos. Enquanto a primeira se refere ao filtro e seleção de informações, a segunda aborda a criação de novos materiais.
(P) As segundas gerações de IA, como indicado pela letra 'P' no GPT (Generative Pre-training Transformer), são pré-treinadas. Isso tem um impacto significativo no cotidiano, pois não requer organização prévia dos dados e elimina a necessidade de esforço na geração de soluções, acelerando assim a adoção de tais tecnologias.
(T) Na terceira observação, a interface de IA generativa opera por linguagem natural, facilitando a interação em contraste com a IA analítica, que pode apresentar dificuldades na interpretação das respostas dos modelos. Isso diminui a necessidade de compreensão da matemática subjacente e altera o foco de atuação: a IA generativa não só permite a criação de conteúdo, mas também transforma o computador, de uma simples ferramenta, em um assistente colaborativo. Isso também permite que sua adesão seja muito mais simples para o usuário final.
Ou seja, para usar uma IA analítica, um nível alto de conhecimento técnico é necessário. Isso tudo é dispensável no uso da IA generativa.
É importantíssimo frisar que essas tecnologias são complementares! Esse estudo mostra, potencialmente, o que a adição dos modelos generativos vai fazer na economia:
Muito lugares estão analisando IA de forma errada e isolada. Esta forma de ver é muito clara e mostra o que a sobreposição de IA e profissionais capacitados para operá-las vai fazer com a economia!
Estima-se hoje que o que foi feito pela OpenAI entrgou em 1 ano o que era esperado para 10 anos de evolução em IA.
Um estudo detalhado disso sairá e breve, mas estes conceitos iniciais são importantes para entender o que o Google já fez e, principalmente, está evoluindo!
Linha do tempo da IA no Google
Ao contrário do que as pessoas pensam, essa história não começou ano passado!
Inteligência Artificial já existe há muitos anos. E o Google é pioneiro neste tema. E tudo começou com o DeepMind, empresa fundada em 2010, que é um laboratório de pesquisa em IA britânico-americano. A empresa foi comprada pelo Google em 2014 por uma cifra entre 400 e 650 milhões de dólares.
E essa é uma parte da história do que ele representou para o desenvolvimento da IA:
Hall da Fama (2015-2016):
Conquistando o Go: Em 2015, seu programa de IA AlphaGo fez manchetes ao derrotar Fan Hui, um campeão europeu de Go, um dos jogos mais complexos do mundo. Isso marcou uma conquista significativa, já que a complexidade do Go havia iludido a IA por algum tempo. A vitória do AlphaGo sobre Lee Sedol, campeão mundial, em 2016, solidificou ainda mais a reputação da DeepMind no mundo da IA.
Ramo na Saúde: A DeepMind começou a colaborar com instituições de saúde em 2016. Projetos visavam desenvolver IA para analisar varreduras de olhos em busca de sinais precoces de cegueira e diferenciar tecidos saudáveis de cancerígenos.
Expandindo o Foco (2017-2021):
Além dos Jogos: A DeepMind continuou a expandir fronteiras. Eles lançaram o DeepMind Lab, um ambiente de aprendizagem de IA usando um jogo de labirinto 3D, e colaboraram com a Blizzard no StarCraft II, um jogo de estratégia em tempo real complexo, para treinar agentes de IA.
IA Geral e Ética: O foco da DeepMind se ampliou em direção à AGI, visando criar IA que possa aprender e se adaptar como humanos. Considerações éticas em torno do desenvolvimento de IA se tornaram uma preocupação crescente, e a DeepMind estabeleceu uma equipe de ética e segurança.
Desenvolvimentos Recentes (2022-2024):
Fusão e Novos Projetos: Em 2023, a DeepMind se fundiu com o Google Research. Eles têm se envolvido em projetos como o desenvolvimento de um simulador de dobramento de proteínas usando IA, impactando potencialmente campos como medicina e ciência de materiais.
IA Generativa: A DeepMind também desempenhou um papel na IA generativa, um ramo preocupado em criar novo conteúdo. Seu trabalho no Modelo de Linguagem de Caminhos 2 (PaLM) contribuiu para o desenvolvimento do Bard, um grande modelo de linguagem do Google AI que deu origem ao Gemini.
Se você é frequente aqui conseguiu traçar um paralelo de diversas aplicações que venho trazendo com a história do DeepMind.
Mas de onde vem a receita do Google?
O Google, em grandes números:
🔎 Advertising: $65.5 billion (+11%).
Search: $48.0 billion (+13%).
YouTube ads: $9.2 billion (+16%).
Network: $8.3 billion (-2%).
📱 Subscription, platforms, and devices: $10.8 billion (+23%).
☁️ Cloud: $9.2 billion (+26%, accelerating from +22% Y/Y in Q3).
YouTube vem se mostrando uma plataforma versátil, roubando tempo de tela do Instagram e TikTok via shorts, mas também incomodando muito o Netflix com vídeos em formatos mais longos. E tudo que o Netflix não é bom de monetizar seus Ads, o Google dá uma aula!
Seguindo o caminho da Amazon e da Microsoft, Cloud está ganhando cada vez mais espaço no resultado do Google. A briga pela liderança neste serviço é acirrada e, muitas vezes, associada a outros serviços. Para hard users do ambiente Microsoft, por exemplo, a migração para Azure torna o ambiente mais simples. Na minha visão, comparando os 3 principais serviços de Cloud, esse é o principal fator negativo para a AWS. Em termos de custo e performance os produtos são muito parecidos. Mas, neste ponto, Microsoft e Google levam vantagem por possuírem um ambiente (Office e Workspace respectivamente) integrado com o serviço de Cloud.
Falando em workspace, seu resultado ainda é modesto e acompanha o crescimento dos serviços de Cloud.
Nosso foco hoje vai ser abordar um pouco do Google Workspace e tudo que é possível fazer na sua integração com o Gemini.
O Google Workspace
Hoje a plataforma conta com 3 bilhões de clientes, sendo apenas 10 milhões clientes pagos.
Ainda é muito cedo para traçar alguma comparação entre o Workspace e o Office, mas é isso que o Google está buscando. Uma das teses de investimento da Apple, por exemplo, é a sua profundidade dentre o público mais jovem. E esse é um dos pontos que o Workspace está apostando. Em uma pesquisa com pessoas mais jovens, o resultado foi que 86% dos entrevistados preferem o Google Docs e 75% preferem o Google Slides, comparado com o Word e Powerpoint, respectivamente.
Estar dentro do Workspace é poder usufruir de funcionalidades que o Google desenvolve para todos seus serviços. Lembram daquele recurso antigo do Gmail de avisar quando você escreve “anexo” e não inclui nenhum arquivo? Ou ainda, os novos recursos de autocompletar que são uma mão na roda? Tudo isso vai estar inserido em todos os ambientes, Docs, Sheets, etc..
Poucas pessoas sabem, mas desde 2016 existe um interpretador no qual você pode perguntar para o Google Sheets coisas referente a dados da sua planilha. Por exemplo, em uma planilha com dados do balanço de uma empresa, você pode perguntar as conclusões de crescimento entre as métricas que ele responde. Esse recurso inexplorado é fantástico, para que você precisa ficar fazendo alguns cálculos para chegar a uma conclusão se você pode perguntar a partir do dado bruto?
Outro exemplo excelente é a possibilidade de transcrever reuniões. Esse recurso nativo permite, tanto que você guarde históricos quanto que possa compartilhar com pessoas que não puderam participar.
Para se ter uma idéia do tamanho desse mercado, essa é a representatividade do resultado do Office dentro da Microsoft:
A Microsoft está muito à frente, tanto na plataforma, quanto na parte de Inteligência Artificial. O Copilot, IA da Microsoft acoplada ao Office, está aí e promete simplificar muito a forma com que usamos as ferramentas do Office.
E o que é o Gemini?
Desenvolvido pela DeepMind, o Gemini é multimodal, o que significa que ele pode compreender e combinar texto, imagens, áudio, vídeo e código. Ele será responsável por alimentar tudo no back-end, desde Anúncios até as capacidades de Pesquisa e Cloud.
Gemini = 2 estrelas: você e a tecnologia. A proposta é similar a da Revolução Industrial - acelerar o tempo de produção!
Google está fazendo de tudo para gente esquecer aquela demonstração fraudulenta de dezembro de 2023. Para quem não se recorda, a Alphabet lançou um vídeo de marketing demonstrando as impressionantes capacidades em tempo real do Gemini. No entanto, verificou-se que o vídeo foi fortemente editado e induzia a equívocos. As respostas foram aceleradas, e o modelo não conseguia lidar com vídeo ao vivo como demonstrado. Isso gerou uma reação negativa significativa por superestimar e representar erroneamente a interação.
O Gemini suporta 5 trilhões de parâmetros! 🤯🤯🤯🤯
Ele vem em 3 versões:
Gemini Nano: Otimizado para tarefas em dispositivo móvel e já disponível nos telefones Pixel 8.
Gemini Pro: Versátil e poderoso para várias tarefas, atualmente em prévia inicial através da Cloud e de apps específicos. Supera o GPT-3.5 na maioria das áreas.
Gemini Ultra: O mais poderoso para tarefas complexas. Supera o GPT-4 na maioria dos benchmarks, mas continua sob testes e verificações de segurança. Espera-se que o Ultra seja lançado mais tarde em 2024.
Outro scoop foi que, ainda no primeiro semestre, o Gemini deve aderir ao português nos seus prompts.
Aqui a história ganha uma bifurcação e pode levar a 2 lugares diferentes:
Uso do Gemini dentro da plataforma Workspace: Vai ser o que mais iremos abordar aqui. O Google está apostando que o uso da sua IA dentro do seu ambiente de trabalho pode potencializar ambos produtos.
Uso do Gemini dentro de outras plataformas: Se você gosta de tudo que o Gemini é capaz de produzir, mas não quer utilizar os serviços do Workspace, você poderá integrá-lo a outras plataformas. Eles usam aqui muito do conceito do Android, de ser uma plataforma aberta a todos!
Gemini + Workspace = 🚀
No final, tivemos uma demonstração live da plataforma. Sem poder filmar nem tirar fotos, o resultado foi impressionante.
Estamos estudando demais as diferentes áreas que o IA vai mexer no mercado de trabalho. As vencedoras até agora são Vendas, Marketing e Customer Services.
Brincamos com um exemplo disso, usando o Workspace e o Gemini para criar uma empresa de aluguel de Air Fryers.
Em 20 minutos, o que tivemos foi:
Utilizando a integração entre Gmail e Gemini, todos clientes com reclamações eram respondidos. Além disso, pudemos cirar campanhas de marketing personalizadas para cada perfil de cliente.
Com base nas perguntas dos clientes, criamos um FAQ em todos idiomas utilizando Gemini e Sheets.
Criamos fotos dos produtos com uma simples descrição para o Marketing.
A empresa cresceu e precisamos contratar. Utilizando o Gemini, fizemos um filtro de todos CV’s recebidos de acordo com suas competências e perfil para as vagas. Utilizando a integração com Gmail e Calendar, marcamos entrevistas com estes candidados.
Por fim, a mais impressionante. Como contratamos funcionários, criamos um app de registro de novos colaboradores. Em poucos cliques, ele estava pronto e disponível para celular e computador.
Esse exemplo me deixou muito impressionado. Acho que o Google mostrou que está em um caminho sólido para entergar um produto de IA de muita qualidade. Os impactos operacionais que isso terá nas empresas vai ser brutal!
O que eles propões é a substituição de todas tarefas repetitivas por alguma IA. Com essa integração, as empresas poderão ter “mini Googles” especializados trabalhando 24/7 em seus HQ’s.
O Workspace e o Gemini ainda não são representativos no resultado do Google. Mas esse é justamente o ponto! Será que eles podem ser aquela surpresa que ninguém está esperando o tamanho que pode ter? Se fala muito que o Google está para trás na corrida pela IA. O que eles mostraram ano passado os fez perder, além de credibilidade, mais algumas posições nessa corrida. Mas o Gemini e o Workspace parecem estar vindo para mudar este panorama!
Parabéns pessoal do Google, ganharam muito meu voto com esse brinquedo novo!
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